PNEM

Glossário

Este glossário tem como objetivo esclarecer as acepções de termos que foram utilizados no processo de elaboração da PNEM e foram referentes para a consolidação do Documento Preliminar.

Deste modo, apresentam-se breves definições e, em alguns casos, referências nas quais se pode encontrar maiores informações.

Caderno da PNEM  também apresenta vários desses verbetes – conceitos chaves do campo da Educação Museal elaborados por profissionais e acadêmicos convidados especialmente para a redação de cada um -.  Os termos presentes no Caderno foram selecionados coletivamente e trazem as concepções que fundamentam o texto da PNEM.

 

Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaços, mobiliário, equipamento urbano, serviços e produtos.

O acesso, a participação, o entendimento e o convívio entre todas as pessoas devem considerar as esferas: física, intelectual, cognitiva e atitudinal.

Ação que produz interfaces entre os diferentes processos museais, tais como a pesquisa, a conservação, a preservação e a comunicação, prevenindo a dissociação entre meios e fins nas ações museais e contribuindo para a integração entre museu e sociedade.
ReferênciaSANTOS, Maria Célia. Museus e educação: conceitos e métodos. 

Ação educativa pontual que pode ser desenvolvida em projetos educativos, ações continuadas, esporádicas ou realizadas por demanda.

 

Recurso de acessibilidade que permite que as pessoas com deficiência visual possam assistir e entender melhor filmes, peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras, musicais, óperas e demais manifestações e recursos visuais, por meio da tradução de imagens em textos descritivos.

Preconceitos, estigmas e estereótipos, que resultam em discriminação das pessoas com deficiência.

Comunidade pode ser entendida como uma unidade dinâmica, onde se destacam os fatores de relacionamento, de delimitação geográfica e de função. As categorias de relações na comunidade se referem àqueles vínculos básicos que correspondem aos laços mais resistentes na rede de relações, como a família, o trabalho e a vizinhança. A dimensão da comunidade em relação ao espaço físico se fundamenta na importância que a proximidade geográfica tem para motivar a aglutinação, em face de determinados tipos de relações e atividades, visto que na sociedade moderna uma grande parte dos contatos sociais é desenvolvida fora do círculo de vizinhança. Ressalta-se, por fim, que a ‘função’ se refere ao papel relativo desempenhado pela unidade social perante as unidades circundantes.
Referência: SANTOS, Maria Célia Teixeira Moura. Encontros Museológicos: reflexões sobre a museologia, a educação e o museu. RJ: MInC/IPHAN/DEMU, 2008, p.33.

É a criação de ambientes, produtos e serviços acessíveis para todas as pessoas, independentemente de suas características pessoais, idade ou habilidades. O conceito de Desenho Universal defende que qualquer ambiente ou produto pode ser alcançado, manipulado e usado, independentemente do tamanho do corpo do indivíduo, sua postura ou sua mobilidade.

Sistema institucionalizado que é cronologicamente graduado, hierarquicamente estruturado, se estendendo da Educação Infantil à Pós-Graduação. Ocorre nos espaços escolarizados, e se dá de forma intencional, com objetivos determinados. Tem reconhecimento oficial, é oferecida nas escolas, em cursos com níveis, graus, programas, currículos e diplomas. Pode ser definida ainda como Educação EscolarEducação TecnológicaEducação Científica.
ReferênciaGASPAR, Alberto. A educação formal e a educação informal em ciências.

Iniciativas de educação teoricamente referenciadas desenvolvidas no âmbito de processos museais.
Autores indicados: Magaly Cabral, Maria de Lourdes Horta, Mario Chagas, Maria Célia Santos.

Toda atividade sistemática e organizada, que acontece fora do quadro do formal da educação, para promover a aprendizagem, acontecendo em cursos não escolarizados, em programas de formação, no dia-a-dia, no cotidiano do cidadão.
Referências: FAVERO, Osmar. Educação não-formal: contextos, percursos e sujeitos. Educ. Soc.,  Campinas ,  v. 28, n. 99, Aug.  2007.
MARANDINO, Martha (org.). Museu e escola: educação formal e não formal. Secretaria de Educação a Distância, Ministério da Educação. Coleção Salto para o Futuro. Ano XIX – Nº 3 – Maio/2009.

O conceito baseia-se na noção desenvolvida por Gramsci de uma formação omnilateral, com bases históricas, contraposta à formação cultural abstrata, desarticulada e enciclopédica, de modo que possam ser desenvolvidas de maneira plena e equilibrada as capacidades para a fruição, a criação intelectual e o trabalho prático. Articulam-se na formação integral o desenvolvimento das habilidades técnicas, científicas, artísticas e corporais, buscando a formação humana completa, que capacita o estudante a descobrir por si próprio com base no arcabouço metodológico adquirido durante os anos de formação.
Fonte: GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. Volume II.

Atuar como espaços de discussão, interação, pesquisa e conhecimento, levando em consideração a produção simbólica e a diversidade cultural, garantindo, ainda, a participação efetiva da sociedade nos processos museais.
Referência: Plano Nacional Setorial de Museus e Estatuto de Museus – Lei 11.904 de 2009.

A ação do mediador é focada no diálogo e na troca com o público e no estímulo ao compartilhamento das diferentes percepções e pontos de vista.  A mediação em museus é a prática educativa que privilegia a troca de saberes, a construção dos significados por meio das percepções subjetivas e da experimentação, que levam à construção de conhecimento. Em contraposição à ideia de “visita guiada”, caracterizada por um roteiro bem delimitado e decorado em que se pressupõe um público “que não sabe”, a mediação parte do pressuposto de que o “público sabe também”, buscando estabelecer nexos, sustentar alguns conflitos e estimular que o público se aproprie e resignifique os museus e seus acervos. Em síntese, na prática de mediação “o visitante não é apenas depositário, mas produtor de conhecimento” (Gama, 2013: 37).
Referência: GAMA, Rita. Algumas questões para a Educação em Museus. In: RANGEL, Aparecida et al. (orgs): Anais do I Seminário de Mediação do Projeto Museus de Ideias; Rio de Janeiro: Museus Castro Maya, 2013.

Grupo de critérios ou fundamentos utilizados para ensinar um determinado conhecimento. Métodos aos quais uma área de conhecimento se liga ou de que se utiliza, seguindo um processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento em si.
Referência: José Carlos Libâneo.

Para compreender a missão educativa do museu é preciso antes identificar qual é a missão do museu, já que as duas missões estão intrinsecamente interligadas. A missão educativa deverá compreender que a ação educacional é importante para o cumprimento da missão do museu, bem como para o desenvolvimento do processo museológico, considerando o acervo institucional e operacional como referenciais importantes para o desenvolvimento das ações educacionais. Também deverá levar em consideração os anseios dos atores sociais com os quais os projetos do museu estejam sendo desenvolvidos, para que o trabalho seja realizado de forma harmônica e coerente conceitualmente.
Referência: Carta de Petrópolis: Subsídios para a construção de uma Política Nacional de Educação Museal.

São instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.
Referência: International Council of Museums (ICOM).

Se fundamenta não apenas na musealização de todo o conjunto patrimonial de um dado território (espaço geográfico, clima, recursos naturais renováveis e não renováveis, formas passadas e atuais de ocupação humana, processos e produtos culturais, advindos dessas formas de ocupação), ou na ênfase no trabalho comunitário, mas na capacidade intrínseca que possui qualquer museu de estabelecer relações com o espaço, o tempo e a memória – e de atuar diretamente junto a determinados grupos sociais.
Referência: SCHEINER, Tereza Cristina. Repensando o museu integral: do conceito às práticas. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum. [online]. 2012, vol.7, n.1, pp. 15-30. ISSN 1981-8122.

“O museu virtual é um espaço virtual de mediação e de relação do patrimônio com os utilizadores. É um museu paralelo e complementar que privilegia a comunicação como forma de envolver e dar a conhecer determinado patrimônio. No nosso entendimento, só pode ser considerado museu virtual, aquele que tem suas ações museológicas, ou parte delas trabalhadas num espaço virtual”.
Referência: HENRIQUES, Rosali “Memória, museologia e virtualidade: um estudo sobre o Museu da Pessoa”, 2004.

Reunião ou associação entre profissionais, museus, poder público, patrocinadores, grupos de interesse (museus, instituições culturais, educacionais, organizações da sociedade civil e outras) e público visitante para realizar ações de cooperação, visando alcançar objetivos e metas, trocar experiências e conhecimentos, de modo que, preservando a identidade de cada parceiro, objetivos comuns sejam atingidos e contrapartidas sejam oferecidas e compartilhadas, pois, sendo parcerias, as responsabilidade e os frutos das ações educativas são repartidos.
ReferênciaCABRAL, Magaly. Parcerias em educação e museus.

 

Conjunto que abrange as coleções de museus e seu entorno, incluindo as manifestações imateriais da cultura. Este conceito baseia-se numa visão holista de mundo.
Referência: ICOFOM LAM. Conclusiones y Recomendaciones. ENCUENTRO DEL COMITÊ REGIONAL PARA A AMÉRICA LATINA Y CARIBE / ICOFOM LAM (1). Buenos Aires [Argentina]. In: El pensamiento museológico latinoamericano – los documentos del ICOFOM LAM. Córdoba: ICOFOM LAM, 2006. p. 18.

 

Planejamento participativo traduz a opção e concepção de uma prática de tomada de decisões cujo fundamento é o diálogo. Conforme Padilha (2006), ele surge como uma forma de resistência e como alternativa aos planejamentos autoritários, burocráticos, centralizados e descendentes. Está calcado na participação do conjunto dos agentes envolvidos na tarefa educativa, contemplando todas as etapas do processo desde a sua concepção, execução, avaliação e replanejamento.
Referência: PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento Dialógico – Como Construir o Projeto Político-pedagógico da Escola. São Paulo: Cortez, 2006.

O Plano Museológico é compreendido como ferramenta básica de planejamento estratégico, de sentido global e integrador, indispensável para a identificação da vocação da instituição museológica para a definição, o ordenamento e a priorização dos objetivos e das ações de cada uma de suas áreas de funcionamento, bem como fundamenta a criação ou a fusão de museus, constituindo instrumento fundamental para a sistematização do trabalho interno e para a atuação dos museus na sociedade.
Referência: Estatuto de Museus – Lei 11.904/2009.

Estruturação de princípios gerais, diretrizes e estratégias de ação para uma determinada área da sociedade. Seu caráter é duradouro e orientador de ações e regulamentações.

Conjunto de projetos e ações, com metas definidas, que têm objetivos comuns, estabelece prioridades de atuação e hierarquiza projetos, definindo parcerias e localizando os recursos disponíveis de forma setorizada. Sua implantação contempla as especificidades de cada instituição, bem como o diálogo com seus públicos, e operacionaliza as políticas de cada área.
Referência: MARTINS, Luciana Conrado. Por uma política nacional de educação em museus.

De acordo com o Estatuto dos Museus (Lei 11.904 de 14 de janeiro de 2009), os Planos Museológicos devem conter 10 programas temáticos, entre eles um Programa Educativo Cultural, que deve organizar projetos e ações com finalidade educacional, de entretenimento e difusão cultural, sendo exequível e apresentando cronograma de execução, explicitação da metodologia adotada, descrição das ações planejadas e a implantação de um sistema de avaliação permanente, sendo avaliado e reelaborado de acordo com a vigência dos Planos Museológicos.
Referência: Estatuto de Museus – Lei 11.904/2009

Ação ou conjunto de ações educativas com metodologia, conteúdo, objetivos, justificativas e duração determinados, realizadas por educadores/setores educativos de museus e demais instituições que realizam processos museais.

É um instrumento dinâmico, construído de forma participativa, periodicamente avaliado e teoricamente embasado, que define os princípios, as estratégias e as ações concretas de um trabalho educativo, estabelecidos para curto, médio e longo prazos. Como um produto contempla as dimensões do diagnóstico, dos referenciais teóricos e metodológicos e as metas projetadas, firmando-se ainda como um instrumento processual de avaliação das ações educativas.

Conjunto de segmentos socioculturais formados por visitantes potenciais dos museus, praticantes efetivos de sua frequentação, além dos indivíduos que manifestam interesses e familiaridade a respeito das instituições museais.
Autor indicado: Luciana Koptcke

Preservação dos ciclos ecossistêmicos que promovem a dignidade da vida humana por meio da integração das variáveis econômica, ecológica, cultural, político-institucional, entre outras, sob premissas de igualdade, universalidade e participação popular.
ReferênciaLOUREIRO, Carlos Frederico. Mundialização do capital, sustentabilidade democrática e políticas públicas: problematizando os caminhos da educação ambiental.