PNEM

Histórico

 Com o objetivo de constituir diretrizes para as ações de educadores e profissionais dos museus na área educacional, fortalecer o campo profissional e garantir condições mínimas para a realização das práticas educacionais nos museus e processos museais, o Ibram promoveu consulta pública para construir o que a princípio seria o Programa Nacional de Educação Museal e posteriormente deveio na Política Nacional de Educação Museal.

A perspectiva de construção de um Programa Nacional de Educação Museal e os primeiros subsídios para essa realização são resultados do 1º Encontro de Educadores do Ibram, realizado em 2010, em Petrópolis, RJ, e estão apresentados na CARTA DE PETRÓPOLIS[1]. Então em 2011 o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) lançou as bases para essa construção, de forma democrática e pautada na diversidade.  Para possibilitar isso, o Blog do PNEM – versão inicial desse espaço virtual- hospedou fóruns virtuais de discussão organizados em 9 eixos que estiveram abertos à participação do público até o dia 07/04/2013.

As discussões foram organizadas em torno do alinhamento de marcos estruturantes e legais dos campos cultural e museal brasileiro como a Política Nacional de Museus, o Plano Nacional de Cultura (PNC), o Plano Nacional Setorial de Museus e o Estatuto de Museus – Lei 11.904/2009.

documento base do PNEM foi elaborado a partir de documentos de referência sobre a Educação Museal para fundamentar a participação no processo. A fim de democratizar esse debate foi estabelecida uma metodologia que integrava discussões em modalidade virtual e encontros presenciais. Dessa forma, o Ibram possibilitou que a discussão abrangesse todo o território nacional e consolidou, a partir da construção coletiva, o documento preliminar da PNEM.

A fim de fornecer subsídios para a construção participativa do PNEM, propostas concernentes à Educação Museal foram elaboradas a partir dos marcos citados e estiveram abertas a eventuais alterações e/ou substituições. A intenção era que os interessados na construção do PNEM pudessem, democraticamente e de maneira colaborativa, formular as diretrizes do Programa, bem como a atuação profissional nos museus no que diz respeito à educação.

As propostas foram organizadas em 9 eixos temáticos que foram desenvolvidos por Grupos de Trabalho virtuais e seus respectivos coordenadores:

 

  1. Perspectivas conceituais – Ozias de Jesus Soares;
  2. Gestão – Daniele de Sá Alves;
  3. Profissionais de Educação Museal – Rafaela Gueiros;
  4. Formação, capacitação e qualificação – Kátia Frecheiras;
  5. Redes e parcerias – Fernanda de Castro;
  6. Estudos e pesquisas – Rita Matos Coitinho;
  7. Acessibilidade – Isabel Portella;
  8. Sustentabilidade – Girlene Chagas Bulhões;
  9. Museus e Comunidade – Diego Luiz Vivian.

Os eixos representam temas estratégicos para o campo museal, em especial para a Educação em Museus, sobre os quais se propôs reflexão e debate.

 

PROPOSTAS PRELIMINARES

 

  1. Perspectivas Conceituais
  • Explicitar as concepções de Museu, Museologia e Educação adotadas no desenvolvimento das ações educacionais, contextualizando os métodos e técnicas, levando em consideração as especificidades de cada museu, bem como o perfil e os anseios de seus públicos;
  • Fomentar ações educativas, a partir do conceito de patrimônio integral, voltadas para a promoção da cidadania e ação social;
  • Assegurar que os museus e espaços de memória sejam importantes ferramentas de educação, e que por meio de ações transversais colaborem para o desenvolvimento cultural, social e econômico, regional e local;
  1. Gestão
  • Fomentar, programar e garantir o desenvolvimento dos Programas Educativo-culturais nos Planos Museológicos para orientar o planejamento, a execução e a avaliação das ações educacionais oferecidas pelo museu;
  • Definir a missão da área educacional a partir da missão institucional do museu, considerando o acervo institucional e operacional como referenciais importantes para o desenvolvimento das ações educacionais do museu e os anseios dos atores sociais com os quais os projetos estejam sendo desenvolvidos;
  • Inventariar as ações educativas e sistematizar sua documentação e memória;
  1. Profissionais de Educação Museal
  • Garantir a presença do setor/área/coordenação/departamento educacional na estrutura organizacional do museu, dotando-o de infraestrutura necessária, para sua implementação e para o desenvolvimento de seus projetos;
  • Garantir no orçamento da instituição um percentual necessário à estrutura e ao funcionamento do setor/área/coordenação/departamento educacional;
  • Assegurar o fortalecimento do papel do(a) educador(a) de museus no que tange ao cumprimento de suas atribuições no âmbito do Programa Educativo-Cultural.
  1. Formação, Capacitação e Qualificação
  • Garantir o investimento na formação, capacitação e qualificação de todos os profissionais envolvidos na área educativa e sociocultural dos museus e demais espaços da memória;
  • Promover e financiar estágios técnicos interinstitucionais em museus brasileiros e estrangeiros com reconhecida e comprovada capacidade e disponibilidade de atuação na área da formação profissional;
  • Estimular a promoção e a difusão do conhecimento produzido na área educacional dos museus de forma a valorizar os trabalhos realizados e permitir o intercâmbio de experiências;
  1. Redes e Parcerias
  • Promover a criação de redes de informação e de interação entre os profissionais das áreas educativas dos museus e entre os museus e a sociedade, a fim de facilitar a pesquisa, o desenvolvimento profissional e democratização de acesso ao conhecimento produzido, a partir de variadas iniciativas, tais como a criação de blogs dos educadores, criação de boletins informativos, a promoção de encontros periódicos de educadores de museus, entre outras;
  • Estabelecer parcerias entre as diversas esferas do poder público e a iniciativa privada, de modo a promover ações educacionais de valorização e sustentabilidade do patrimônio cultural musealizado;
  • Firmar acordos de cooperação técnica com universidades, centros culturais e institutos de pesquisa e fomento a cultura, a fim de assegurar o apoio e fortalecimento aos projetos propostos pelos Programas Educativo-culturais dos museus.
  1. Estudos e Pesquisas
  • Criar mecanismos que favoreçam a produção de conhecimento a partir dos projetos e das pesquisas desenvolvidas no âmbito dos setores educacionais do museu;
  • Articular com agências científicas, instituições de ensino superior e instituições de memória e patrimônio cultural o desenvolvimento e fomento de pesquisas que contemplem a produção simbólica, a diversidade cultural no espaço museológico, para o desenvolvimento de ações educativo-culturais nos museus;
  • Promover periodicamente estudos de público e não-público, com caráter qualitativo e quantitativo, além de diagnósticos de participação, com o intuito de avaliar o cumprimento dos objetivos do museu, visando à progressiva melhoria da qualidade de seu funcionamento e ao atendimento às necessidades dos visitantes;
  1. Acessibilidade
  • Promover ações educacionais que garantam o acolhimento dos públicos e a acessibilidade social e física ao museu;
  • Estimular a formação da equipe de educação do museu a partir de parcerias com instituições especializadas no atendimento de pessoas com necessidades especiais;
  • Realizar ações que tenham por objetivo a democratização do acesso aos museus e o desenvolvimento de políticas de comunicação com os públicos;
  1. Sustentabilidade
  • Realizar projetos e ações educacionais consonantes com o desenvolvimento sustentável que respeitem as características, necessidades e interesses das populações locais, garantindo a preservação da diversidade e do patrimônio cultural e natural, a difusão da memória sociocultural e o fortalecimento da economia solidária;
  1. Museus e Comunidade
  • Promover ações de educação para o patrimônio, voltadas para a compreensão e o significado do patrimônio e da memória coletiva, em suas diversas expressões como fundamento da cidadania, da identidade e da diversidade cultural;
  • Promover a democratização da instituição museológica, dos sistemas e das redes museais por meio da participação comunitária e de projetos e ações extramuros visando à interação com os diversos grupos sociais: étnicos, tradicionais, populares e outros;
  • Fomentar por meio das ações educacionais e culturais a apropriação dos instrumentos de pesquisa, documentação e difusão das manifestações culturais populares por parte das comunidades que as abrigam, estimulando a autogestão de sua memória.

Após as discussões e os debates que aconteceram pelo país, foram contabilizadas 411 propostas e 355 destaques ao Documento Preliminar, distribuídos da seguinte forma: 52 diretrizes e 83 destaques; 117 estratégias e 127 destaques; 242 ações e 145 destaques.

Em 2014, durante o I Encontro Nacional do Programa Nacional de Educação Museal, realizado no 6ª Fórum Nacional de Museus, em Belém-PA, foram discutidas as diretrizes do GT Perspectivas Conceituais, cujo principal resultado foi a definição dos cinco princípios da PNEM, expressos no documento final do encontro, a Carta de Belém. Também durante o encontro foi discutida e definida a pertinência da criação de uma política pública para o setor e foi demandada a realização do II Encontro Nacional de Educação Museal.

 

A plenária também solicitou a realização do 2° Encontro Nacional do Programa como passo necessário para a criação e posterior implementação da PNEM. Assim, foi apresentada a necessidade da sistematização de conteúdo dos documentos elaborados durante o processo de construção da PNEM.

 

Para a realização da sistematização e organização do documento preliminar foi contratada uma consultoria cujo trabalho foi acompanhado de forma efetiva pela equipe da Coordenação de Museologia Social e Educação – Comuse/ DPMUS/Ibram e pelos representantes dos GTs do PNEM por meio de reuniões sistemáticas e diálogos contínuos. O documento sistematizado foi organizado a partir de três novos eixos: Gestão; Profissionais, Formação e Pesquisa e Museus e Sociedade. A proposta de Documento Final contou com aglutinações e supressões de propostas, de acordo com sua pertinência a uma política específica de Educação Museal e à adequação a um documento orientador sintético e representativo das diversas propostas, regiões e realidades expressadas no processo de construção coletiva da PNEM.

 

Foram realizadas reuniões com a participação dos coordenadores dos GTS e a da consultora para a formulação de propostas de diretrizes, além de reuniões regionais para a discussão da proposta de documento final da PNEM.

Durante o II Encontro Nacional do Programa Nacional de Educação Museal, realizado no âmbito do 7º Fórum Nacional de Museus, em Porto Alegre-RS. O texto final da Pnem totalizou 19 diretrizes, aprovadas a partir de proposições apresentadas pelos Grupos de Trabalho correspondentes aos eixos da proposta de documento final levada ao encontro.

A plenária do encontro também aprovou a Carta de Porto Alegre, que registra compromissos importantes, tais como publicar o Caderno da PNEM, realizar pesquisas sobre o atual estágio de desenvolvimento da Educação Museal no Brasil, realizar o 1º Encontro de Educação Museal até o 8º Fórum Nacional de Museus, garantir um espaço para discutir questões de Educação Museal nos Fóruns Nacionais de Museus e incentivar a realização de seminários regionais para discussão e implementação da PNEM em parceria com as REMs.

 

No dia 30 de novembro de 2017, foi publicada a Portaria nº 422, que dispõe sobre a PNEM e dá outras providências. Assim, concluiu-se mais uma etapa do processo democrático de construção da PNEM, a ser implementada e avaliada pelo Ibram, em colaboração com as REMs e de forma aberta e articulada à sociedade civil.