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O que é "o fazer científico" nos museus?

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  • #483

    Olá pessoal!

    Criei esse tópico para incentivá-los a produzir uma resposta satisfatória a essa pergunta que todos/as sabemos responder mas, ao mesmo tempo, cada um/a dá uma resposta diferente.

    A que se destina a pesquisa nos museus? Em quê precisamos ousar/inovar mais?

    #594
    Ozias Soares
    Membro

    Essa é uma questão, Rita, que precisamos enfrentar, penso eu.  Antes de tudo, é preciso delimitar com clareza o que é “pesquisa”. Em seguida, “se” fazemos, “que” pesquisa fazemos no contexto museal e para quê fazemos, de um modo geral.

    #756

    Isso mesmo, Ozias. Serão os museus depósitos e vitrines de coisas? Ou são também produtores de conhecimento? Quando montamos exposições e selecionamos nosso acervo fazemos pesquisa? E no que ela é diferente da pesquisa acadêmica?

    #757
    Ozias Soares
    Membro

    Querida Rita, penso que, stricto sensu, nós não fazemos pesquisa nos museus. Por isso fiz a primeira postagem questionando o uso comum, generalizado de “pesquisa”. De outro lado, acho que podemos assumir, em nossa prática, uma postura investigativa, questionadora, criteriosa, rigorosa, eticamente comprometida, avaliativa, prospectiva – que são fundamentais em toda pesquisa e produção de conhecimento.

    #767

    Olá Ozias;

    Alguns museus fazem sim pesquisa no sentido que você coloca stricto sensu. Mas, de fato, não é a realidade na maioria das instituições. Porém algumas têm enorme potencial e não realizam pesquisas por inúmeras razões – falta de pessoal, de recursos ou até mesmo de interesse.

    Seria interessante pensarmos em alguma ação – política pública – para incentivar essa produção nos museus. Editais específicos poderiam ser um caminho? Valorização das titulações e da produção científica nas carreiras? O que mais?

     

    #787
    Ozias Soares
    Membro

    Olá, Rita! Legal essa conversa. Acho que teria que haver uma outra pesquisa pra levantar que instituições e que pesquisas são essas que são realizadas (rsrs!). Acredito no potencial que você se refere e penso que a falta de pessoal e recursos e uma tônica em nossas instituições. Talvez a “falta de interesse” decorra daí… Vou continuar conversando no outro post seu sobre “desenvolvimento e fomento de pesquisas”, pra não “perder o fio da meada”…

    #875

    Bem penso que aliada a essa pergunta, poderíamos refletir uma outra questão. O que é o “fazer museológico” ? E o fazer museológico possui uma cadeia de ações que podem ser desde a coleta, seleção, registro, documentação, socialização, comunicação entre outros que vão refletir os eixos essenciais de uma prática museológica que abrange pesquisa, comunicação e públicos, onde a preservação perpassa esses três eixos. Neste sentido seria interessante visualizar os componentes que exercem de nós uma prática educativa, social e critica do que fazemos, como fazemos, por que fazemos, para quem fazemos e o que impactamos no âmbito da transformação social, cultural, ambiental etc…Certamente esse procedimento nos levará a alguma certificação: tendências,  metodologias, avaliações e gerenciamento do nosso conhecimento. Talvez seja esse o caminho do trabalho patrimonial que produz  conhecimento, de forma processual, dinâmica e interdisciplinar.

    #1082

    Para o Museu da Infância e do Brinquedo (MIB) o “fazer cientifico” acontece quando respondemos a uma demanda da sociedade. Quando realizamos investigações que possam ser apropriadas por todos e que tenha além da relevância científica uma relevância social.

    Por exemplo:

    Estamos iniciando um estudo sobre o seguinte tema:

    JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS CEARENSES: IDENTIDADE E MEMÓRIA.

    Porque fazer uma pesquisa desta natureza no Estado do Ceará?
    Qual a relevância social desta investigação para o povo cearense?
    Qual importância científica do estudo nas reflexões teóricas sobre a cultura lúdica?
    O jogo, o brinquedo e a brincadeira é um patrimônio da cultural?
    Qual a importância histórica do lúdico na identidade e memória do cearense?
    Com iremos aplicar e transferir os resultados do estudo ao povo cearense?

    Acreditamos que temos que ter um sentido uma razão que justifique o estudo e principalmente que os resultados da dela possa ser importante socialmente para toda sociedade cearense.

    E como podemos fazer isso?

    As estratégias de rigor e credibilidade utilizadas em um estudo científico é o primeiro passo:

    A credibilidade, que se refere ao valor de      verdade, ou seja, a confiança na autenticidade dos descobrimentos e      explicações de uma investigação no seu contexto.

    A transferência, que se refere à aplicabilidade,      ou seja, ao grau de aplicação dos resultados da investigação em outros      contextos.
    A dependência, que se refere à consistência, ou seja,      à possibilidade que a investigação desse os mesmos resultados se repetisse      de forma similar.
    A confirmação, ou seja, a neutralidade, que se refere      ao grau em que os descobrimentos são adequados aos fenômenos e pessoas      estudadas, e não, os elementos introduzidos pelo investigador.

    O que constitui “Pesquisa bem feita?”, confiável, merecedora de ser tornada pública para contribuir para o conjunto de conhecimento sobre o tema aqui abordado. Lienert (1989) citado por Gunther (2006) diferencia entre critérios principais e critérios secundários. Entre os primeiros, constam objetividade, fidedignidade e validade. Entre os segundos, constam utilidade, economia de esforço, normatização e comparabilidade. Segundo estes autores seriam difíceis, se não impossível, verificar a base científica de uma pesquisa por meio de estudos adicionais se a mesma não satisfaz a estes critérios.

    Nossa posição sobre o tema é uma reflexão que realizamos internamente com nosso grupo de pesquisa do MIB.

    Vamos conversando…

    #1085

    Olá colegas do Museu da Infância e do Brinquedo, obrigada pela participação nesse tópico. Espero que esse relato de vocês incentive os outro museus a postar suas experiências.

    Pessoalmente defendo que a produção de conhecimento não depende, necessariamente, da chancela acadêmica. Os museus podem e devem produzir conhecimento (sobre os objetos que expõe e sobre a maneira de comunicá-los) na prática e se tivermos o cuidado do registro e do debate podemos avançar na criação de novas práticas educativas.

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