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- Este tópico contém 17 respostas, 9 vozes e foi atualizado pela última vez 11 anos, 7 meses atrás por REM RJ.
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29/11/2012 às 12:13 #417Ozias SoaresMembro
“Todo planejamento educacional, para qualquer sociedade, tem de responder às marcas e aos valores dessa sociedade. Só assim é que pode funcionar o processo educativo, ora como força estabilizadora, ora como fator de mudança” (Paulo Freire, 1959). Entendemos que o planejamento, nas suas diferentes dimensões, é atravessado por decisões técnicas, mas, sobretudo políticas, filosóficas e ideológicas. Frequentemente tais decisões ocorrem nos gabinetes ou mesmo entre uma pretensa “elite pensante”, em detrimento da construção coletiva e democrática. Ora, neste sentido, os conceitos e noções que balizam nossa prática não são, portanto, “neutros”. Um planejamento participativo deve estar associado à dialogicidade, representando uma alternativa aos planejamentos autoritários, burocráticos e verticalizados. Na Carta de Petrópolis e em outros documentos, por exemplo, falava-se na construção de uma “Política Nacional de Educação em Museus”, talvez alçada ao mesmo nível das demais “Políticas” e “Planos” existentes. Certamente com o avançar das negociações mudou-se para “Programa Nacional de Educação em Museus”. Como teria se dado essa mudança e quais os fundamentos que a orientaram?
03/12/2012 às 21:04 #485Mara Paulina ArrudaMembroEstou inteiramente de acordo com essa proposição.
04/12/2012 às 13:38 #488PnemMembroMuito interessante a discussão levantada pelo Ozias, pois chama atenção para a necessidade dos processos participativos no ciclo de políticas públicas.
Como toda gestão governamental, o planejamento para setor educativo museal envolve questões técnicas fundamentais, as quais não se deve prescindir se pretendemos um trabalho efetivo e longevo. Entretanto, tais questões apenas fazem sentido se seus objetivos vão ao encontro das necessidades sociais.
Neste sentindo, o Instituto Brasileiro de Museus propôs a abertura de um espaço para promover a reflexão e o diálogo a cerca de temas relevantes para o setor educativo dos museus. Abrir para o debate, ouvir a sociedade, receber demandas e propostas é assumir uma postura política de se construir democraticamente políticas públicas. O papel do Ibram neste processo é possibilitar o diálogo a fim de construir políticas públicas legitimas e efetivas, para tanto fora desenhado o “Programa Nacional de Educação em Museus”, cuja essência é a construção coletiva.
O termo Programa foi adotado por uma questão bastante simples, a educação museal já está inserido em uma política cultural para o setor museológico, qual seja a Política Nacional de Museus. A PNM tem em suas bases uma multiplicidade de vozes e foi construída a muitas mãos tendo em vista as grandes questões do campo museal. Amplificando esta e outras experiências de construção participativa, o Ibram propôs a criação do PNEM como um programa institucional que pretende conhecer e incorporar as demandas sociais a fim de planejar ações na busca do fortalecimento do campo educativo museal.
Temos um grande desafio pela frente, construir juntos um Programa inteiro voltado para a educação em museus!
06/12/2012 às 17:58 #522Ozias SoaresMembroCaros, a experiência brasileira vem mostrando que a sobreposição de documentos produz uma “inflação” de legislação e efetividade questionável. No nosso campo, para citar alguns exemplos, temos a Política Nacional de Museus, o Plano Nacional Setorial de Museus, Plano Nacional de Cultura, o Estatuto de Museus, O Sistema Brasileiro de Museus (e diversos sistemas estaduais), Sistema Federal de Cultura, bem como diferentes desdobramentos de todos esses textos. Indiscutível que precisamos de todos eles! Concordo que mais uma POLITICA de educação em museus traçaria diretrizes e metas amplas produzindo, talvez, mais uma sobreposição. Um programa, como um braço objetivo/operacional, emanado de uma Política talvez seja o caminho. No momento da elaboração coletiva da Carta de Petrópolis, penso que a questão não era tão simples como o é hoje. Mas acredito que precisamos ao longo dessa construção pensar nas especificidades da educação em museus que, não raro, fica perdida entre as generalidades dos grandes planos. Acho que a importância de um programa está aí…
06/12/2012 às 18:07 #523Ozias SoaresMembroTodos sabemos de nossa herança autoritária e centralizadora quando pensamos em gestão, planejamento, decisões. Tarefa nada fácil é nos livrar desta tradição! Hierarquização, centralização e coisas do gênero é como a água em que nadamos. Penso que o planejamento das ações educacionais deve responder às demandas postas pela contemporaneidade (e que estão sendo discutidas em outros fórus aqui no blog). Sobretudo, os profisisonais de museus, de diferentes áreas devem participar dessa construção. Bem, acho que em nuseus menores talvez seja mais fácil organizar um momento de planejamento participativo do que em grandes museus. Penso que, tanto nas unidades menores ou mesmo nas maiores, podemos pensar em metodologias que possam congregar diferentes idéias para um planejamento educativo nos museus.
11/12/2012 às 11:36 #547Marilia Xavier CuryMembroEu estou pensando aqui com os meus botões sobre a participação do público na construção de processos de educação em museus. Assim, crescemos juntos e o museu se modifica, ou seja, se educa com e pelo processo com o público.
11/12/2012 às 18:06 #556Ozias SoaresMembroPois é, temos pensado bastante nesta questão ultimamente aqui no Museu. Acho que fizemos um primeiro exercício que poderia ser replicado que foi o OMCC (Observatório de Museus e Centros Culturais), entretanto, sobre outras bases. Havia um foco naquele momento que tratava mais especificamente do perfil de público e opinião sobre o museu. Talvez agora poderíamos pensar numa estrutura diferente e uma outra metodologia que (1) começe fortalecendo a participação intramuseu (público interno) e (2) a participação de um público frequentador (sobretudo aqueles atendidos por nossos setores educativos) e (3) um público não frequentador – especialmente a partir de questões que nos indique porque não visita, que dificuldades existem, como percebem o museu e que sugestões daria. Acho que neste sentido precisaríamos pensar nos instrumentos e na metodologia.
08/01/2013 às 11:34 #684Rafael Jose BarbiMembroInteressante colocação caro Ozias. Neste sentido aqui no Museu, já fazemos de uma forma mais simples, algo que tente trazer ao nosso conhecimento as necessidades da população em relação ao Museu, e isso trouxe questões muito pertinentes, que foram levantadas não só por visitantes da cidade, como também por visitantes vindos da Capital (São Paulo, no caso); a partir dessas observações estamos traçando o planejamento para o ano, sempre com diálogo com essas questões.
10/01/2013 às 16:29 #700Ozias SoaresMembroRafael, muito interessante sua proposta! Vamos adotar aqui no Museu da Chácara do Céu (RJ). A propósito, de qual instituição você fala? Bem, a sua proposta resolve a participação da comunidade e visitantes. Qual o instrumento que vocês utilizaram para coletar essas demandas? A resposta foi positiva? Em relação à participação interna (equipe de profissionais do museu), vocês fizeram algo?
10/01/2013 às 16:45 #701Rafael Jose BarbiMembroOlá Ozias. A instituição que eu falo é o Museu da Cidade de Salto, localizado no interior de São Paulo. Aqui no Museu realizamos esse levantamento de forma simples, colocamos a disposição dos grupos cadernos para sugerirem e/ou criticarem o que viram aqui. Estamos iniciando também uma página no facebook com esse intuito, pois há alguns exemplos interessantes de instituições que utilizaram dessa ferramenta, como o Museu de Arte Sacra de São Paulo. Ambas as ações estão sendo positivas, no caso do facebook, essa ação está em fase de testes, mas já houve boa recepção do público. Em relação a equipe do Museu, eles estão em sintonia com essas práticas, tanto que sempre são incentivados a fazer suas observações também, além de incentivar os visitantes a fazerem o mesmo.
10/01/2013 às 16:54 #702Ozias SoaresMembroRafael, parabéns pela iniciativa! Estou entendendo que se trata de um caderno simples onde as pessoas podem livremente escreverem seus comentários e sugestões. Veja se entendi: as anotações no caderno são feitas pelos grupos de visitantes da área educativa mas não são feitas pelos visitantes espontâneos? Vocês já fizeram alguma metodologia de retorno desse planejamento para os grupos? Eles sabem que essas idéias foram e de que forma são incorporadas no planejamento do Museu?
10/01/2013 às 17:02 #703Rafael Jose BarbiMembroSim, são feitas apenas pelos grupos, por enquanto, porém em breve estamos estudando abrir isso para todos os visitantes, sim. No momento estamos reunindo essas informações, e já colocamos em pauta a aplicação de algumas. Sobre a questão de retorno das informações para os grupos, confesso que não tinha pensado nisso, ótima sugestão!
05/02/2013 às 13:25 #833cintyaMembroOlá, Rafael e Ozias.
Também achei muito boa a sugestão do Rafael, pois confere autonomia ao visitante para opinar livremente em relação à sua visita. Os questionários – não quero aqui dizer que eles também não tenham relevância para coletar dados – não permitem tal “liberdade”. Acredito que a combinação de questionários orientados com cadernos de sugestões seja uma maneira efetiva de participação dos grupos que frequentam os museus, o que tornaria as visitas muito mais significativas para eles.
Um forte abraço!
Cintya Callado
07/02/2013 às 18:29 #849Ozias SoaresMembroOlá, Cintya, Rafael e demais participantes do Fórum! Acho que os instrumentos citados, as idéias apresentadas são interessantes e já estamos pensando em implementá-las este ano aqui no Museu da Chácara do Céu. Agradeço muito a sugestão do Rafael! A idéia da Cintya é bem legal no sentido de combinar as duas coisas. De outro lado, vocês teriam sugestões de como ampliar a participação interna, da equipe, das diferentes coordenações dentro do museu? Alguém tem alguma experiência realizada de planejamento participativo realizado com a equipe institucional?
15/02/2013 às 17:49 #892Olá colegas
Parece-me que concordamos que um planejamento participativo, está associado ao dialogo e as demandas apresentadas pelos visitantes de toda e qualquer categoria (grupos, individuais, turistas, etc…), embora, tenham objetivos distintos. Isso nos revela a necessidade de se criar uma metodologia/programa de pesquisa com o publico (interno e externo), dotada de eficiencia para alcançar a meta de atendê-lo em suas expectativas; mas, o problema se amplia quando pensamos nas dificuldades financeiras dos museus do Brasil e nas carências de pessoal, tecnologia, etc…. então, acabamos por pensar pequeno…. muito pequeno, até com certo pessimismo, sobre a questão. Há alguns dias li na revista Musas (IBRAM) N. 04, um artigo de Pierre Nora que dizia das emergente necessidade da conservação da memória, que se apresenta em nosso tempo e, também da multiplicação dos equipamentos culturais, como os museus que vem sendo criados em “quase” todas as partes do mundo… esta afirmativa me leva a refletir um pouco, pois parece-me que como uma “onda” há uma contra onda, que no refluxo trabalha na direção oposta… muitos desejam os museus, mas não há disponibilidade de recursos no Brasil para se fazer museus qualificados, como merece o setor; então, ficamos pensando em exercitar a criatividade dos educadores ao máximo para que alcancem alguns resultados positivos em suas práticas e alarguem seus saberes e experiências… como educadores “tiramos leite de pedra” … o que ainda nos incentiva é a potencialidade do ser humano em todos os lugares do mundo, em criar… criar… criar…
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