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Ozias SoaresMembro
Rebeca, acho que você e Cintya concordam com o uso de “mediação” como uma nova forma de perceber a relação educativa, seja em museus ou em outras instituições de saberes. O Bruno destaca que prefere o uso de “mediação”, na medida em que visitantes e educadores estão mutuamente implicados em “aprendizagens”. O Flávio, todavia, coloca uma questão que pode ser interessante nessa nossa discussão: as palavras, os termos, usados em nossa prática, mesmo aqueles com aparência de “progressistas”, “modernos”, “atualizados”, podem significar pouco se os CONTEÚDOS dessa mesma prática não caminharem na direção de uma mudança de postura e concepção efetivas. O Jorge, por sua vez, destaca que a mudança conceitual é importante na medida em que amplia, aprofunda, a relação dos educadores com os visitantes, deixando de lado a tradicional “visita papagaio”, com scripts pré0-definidos. Talvez o questionamento do Flavio seja: não deveríamos ter o cuidado para não cairmos nos “modismos” das palavras sem uma mudança efetiva nas nossas práticas? Vamos conversar…
Ozias SoaresMembroDevemos admitir que não se trata de um tema fácil. Em geral, o próprio governo investe seus trunfos na idéia de “sustentabilidade”, não como uma concepção nova no trato com as urgentes questões ambientais e tudo o que deve estar a elas relacionado, mas com a ideia da “redução de custos”. Portanto, a noção gerencial (sem desmerecer a sua importância), impregna as nossas ações e concepções. A racionalidade do lucro, do que “eu vou ganhar com isso”, invade (quase) todas as esferas da vida. Talvez, Girlene, o ponto central (e, talvez, aí também a razão para pouco diálogo em torno deste tema aqui no nosso Pnem…) é que, na verdade, estamos diante de uma necessidade de uma mudança radical que mude concepções fundamentais, mercadológicas (capitalistas…) enraizadas profundamente. Daí aquela discussão que fizemos em um outro post: “o que fazer com os “restos”, os “resíduos”, os “descartes”, de nossas pomposass exposições temporárias? Acho que podíamos aqui, no Pnem, também conversar com os curadores, com os gestores, né?
Ozias SoaresMembroRita,
Em resposta à sua questão diria que as duas coisas são importantes, se é possível fazer essa separação estritamente: produzir o “conhecimento da academia” e também embasar nossas ações e projetos. Tenho a impressão, aliás, que nossas ações carecem de embasamento na maior parte das vezes…
Em outro post (O que é o “fazer científico”), aqui neste GT, você fala de incentivar a produção dos museus e sobre editais específicos. Particularmente, concordo contigo: acho que os editais são um caminho para a proposição de ações e pesquisas. Talvez estejamos tímidos em relação a isto; talvez o cotidiano “produtivista”, muito prático, voltado para as ações “no varejo” que desenvolvemos em nossas instituições não nos permita esse tempo para pensar em pesquisas. Um caminho seria transformar a própria prática, nossos projetos e ações em objetos de pesquisa.
Por outro lado, é muito bom se sentir valorizado, né? Acho que é indispensável que se pense em uma valorização na carreira! No âmbito do IBRAM, a restituição por titulação (RT) é um caminho importante e que ainda não foi implementada…
Bem, mas não tenho dúvida que podíamos lançar mão de editais, sair um pouco de nossas rotinas generalistas, dispersivas e produtivistas no cotidiano e partir pra realização e divulgação de nossas pesquisas. Quem sabe, não apenas “articular com agências científicas”, mas o próprio IBRAM não poderia lançar incentivos à pesquisa no âmbito de suas unidades?
Abs,
Ozias
Ozias SoaresMembroOlá, Rita! Legal essa conversa. Acho que teria que haver uma outra pesquisa pra levantar que instituições e que pesquisas são essas que são realizadas (rsrs!). Acredito no potencial que você se refere e penso que a falta de pessoal e recursos e uma tônica em nossas instituições. Talvez a “falta de interesse” decorra daí… Vou continuar conversando no outro post seu sobre “desenvolvimento e fomento de pesquisas”, pra não “perder o fio da meada”…
Ozias SoaresMembroMoema, a questão que ainda permanece é como os diferentes atores compreendem o que é um MUSEU, e, sobretudo, como o MUSEU pensa a si mesmo na sua relação com o entorno, com as outras instituições de educação e cultura, e com as comunidades vizinhas. Não se pode negar que há museus fechados para toda uma “vida” do seu entorno. Preferem fazer suas exposições, suas atividades, para um seleto público, para os iniciados, etc. Isso não é certamente o Museu que queremos enquanto educadores! Qual é o Museu que queremos então? O que a escola, por exemplo, espera de nós?
Ozias SoaresMembroQuerida Rita, penso que, stricto sensu, nós não fazemos pesquisa nos museus. Por isso fiz a primeira postagem questionando o uso comum, generalizado de “pesquisa”. De outro lado, acho que podemos assumir, em nossa prática, uma postura investigativa, questionadora, criteriosa, rigorosa, eticamente comprometida, avaliativa, prospectiva – que são fundamentais em toda pesquisa e produção de conhecimento.
Ozias SoaresMembroRafael, parabéns pela iniciativa! Estou entendendo que se trata de um caderno simples onde as pessoas podem livremente escreverem seus comentários e sugestões. Veja se entendi: as anotações no caderno são feitas pelos grupos de visitantes da área educativa mas não são feitas pelos visitantes espontâneos? Vocês já fizeram alguma metodologia de retorno desse planejamento para os grupos? Eles sabem que essas idéias foram e de que forma são incorporadas no planejamento do Museu?
Ozias SoaresMembroRafael, muito interessante sua proposta! Vamos adotar aqui no Museu da Chácara do Céu (RJ). A propósito, de qual instituição você fala? Bem, a sua proposta resolve a participação da comunidade e visitantes. Qual o instrumento que vocês utilizaram para coletar essas demandas? A resposta foi positiva? Em relação à participação interna (equipe de profissionais do museu), vocês fizeram algo?
Ozias SoaresMembroRafael, como você diz, não é fácil para os museus instituídos e consolidados a partir de uma ótica dominante, seletiva, social e culturalmente excludente trabalhar com a cultura local. Convido você também a participar do GT “Museus e Comunidades” onde o pessoal tem feito uma discussão muito interessante nessa direção e sei que você vai poder dialogar bem melhor ali, embora aqui também haja espaço para este debate.
Agora, como “ferramenta”, uma preocupação central nossa é saber de que forma essa “ferramenta” é entendida e usada na direção do desenvolvimento local nas suas dimensões econômica, cultural e social. Se é que a concepção de “ferramenta” não esvazie a finalidade dos processos museais, colocando-os num nível instrumental, utilitarista, imediato, não é? De outro lado, parece-nos, de início, uma responsabilidade tamanha sobre “nossas costas”, não é? Ademais, é preciso saber qual o “peso” da educação (e, em especial a educação museal) num contexto de alavancar o “desenvolvimento”. Parece-nos um objetivo pouco modesto… E quando você diz “de que forma começar isto?”, soa a mim como a pergunta inicial de todas as nossas bem-intencionadas propostas, projetos, Programas. Vou dar uma pista, no meu modesto entendimento: a mudança na concepção de gestão dos espaços museais, a quebra dos engessamentos de interesses corporativos, clientelistas e patrimonialistas dentro das nossas instituições talvez seja um primeiro (e enorme!) passo – que vale a pena debater no GT de Gestão aqui em nosso blog. Mas há outras formas de começar que podemos continuar conversando…
Ozias SoaresMembroNeilia, no meu entendimento, quando um projeto expositivo não suscita questionamentos ou não “provoca” o sujeito, talvez seja a hora da equipe “se questionar”. Mas, acreditamos (e trabalhamos) como você: se a “intenção” dos organizadores foi evitar qualquer questão digamos, “escorregadia”, “embaraçosa”, crítica, cabe a uma equipe sensível, ética e politicamente comprometida, fazer a mediação dos temas que levem à “PROMOÇÃO” da cidadania e “ação social.
Ozias SoaresMembroBem, Nahama, em primeiro lugar, valeu pela participação! Temos um GT de “redes e parcerias” e, nele, um tópico chamado “parcerias com instituição de cultura e pesquisa” onde você poderá ampliar essa discussão; dê uma “passada” lá!
Bem, no que cabe a este tópico, acho podemos pensar, a partir de sua fala, que a educação, seja ela em que modalidade ou espaço for, deveria sempre estar centrada na experiência do sujeito. Não é recente a discussão sobre o papel ativo do aluno na construção do conhecimento. Todavia, diante da pluralidade de sujeitos (e processos de subjetivação…), parece que estamos diante de mais um enorme desafio… Digo isso porque a escola que temos é uma experiência moderna de educação de massas, de padronizações, de currículo universalizante, de pouco respeito à experiência local. E os museus e centros culturais, a experiência é diferente disso? Vamos discutir…
Ozias SoaresMembroEssa é uma questão, Rita, que precisamos enfrentar, penso eu. Antes de tudo, é preciso delimitar com clareza o que é “pesquisa”. Em seguida, “se” fazemos, “que” pesquisa fazemos no contexto museal e para quê fazemos, de um modo geral.
Ozias SoaresMembroMara, acho que o IPHAN pode ajudar muito neste processo. Não digo que os Museu não podem estar juntos, mas parece-me que há uma demanda para além do âmbito do Ibram neste caso. De outro lado, penso que os museus podem ser importantes instâncias de visibilidade da questão indígena, das manifestações culturais e da arte presente em diferentes grupos étnicos. Quem sabe não caberia a nós esse papel?
Ozias SoaresMembroPois é, parece-me que os Educativos vivem sempre na “diplomacia”, numa certa “contemporização” diante das ações (não raro, incisivas, diretivas) de outros agentes dentro dos Museus e externos a ele… Vivemos “buscando brechas” quando deveríamos estar nos fundamentos das ações museais. Neilia, enquanto buscamos os “leves” os “pesados” querem nos atropelar! Mas, achei interessante a idéia de vocês em transformarem o que seria um tema “leve” em uma discussão que fomente o fortalecimento da cidadania. Como isso aconteceu?
Ozias SoaresMembroEm relação à Proposta Educativa (ou nosso Projeto Político Pedagógico), estamos numa fase nova aqui no Museu, construindo o que inicialmente estamos chamando de “dossiê educativo” (ou um “inventário”) – um documento que reúne o percurso educativo do Museu nos últimos dez anos, os fundamentos teóricos das ações, as metodologias utilizadas, projetos, avaliações, estatísticas etc. Antes disso, construímos um documento sistematizador que tinha a seguinte estrutura: apresentação, objetivos, avaliação das ações e propostas anteriores, pressupostos teóricos/princípios norteadores das ações, possibilidades metodológicas de visitação mediada, metas educativas, considerações finais, referências bibliográficas e anexos. Mas acho que um documento dessa natureza pode ter diversas formas…
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