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EDUCAÇÃO MUSEAL? EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NOS MUSEUS?

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  • #902

    Vamos discutir… um pouco mais?

    #931
    Ozias Soares
    Membro

    Pois é, Jocenaide, há pouco tempo pensávamos nisto aqui no Museu da Chácara do Céu (RJ) quando propusemos um projeto chamado “Circuitos de Santa” (veja http://educachacara.blogspot.com). Trabalhamos com o bairro, com o entorno no Museu sempre partindo de nosso acervo ou terminando nele, buscando relacionar as obras de arte da nossa coleção num diálogo com todo um rico patrimônio que nos circunda. Acho que se pensarmos nos acervos como integrante da idéia de patrimônio cultural, de memória, de um legado histórico, talvez se possa falar em “educação patrimonial” nos museus (ou talvez, “a partir dos museus”…). Entretanto, como você em outro momento resgatou a fala de Paulo Freire, a idéia de “educação patrimonial” foi gestada num determinado contexto, ganhou força em determinadas práticas e, desse modo, será preciso “engravidar” o conceito a partir de outras práticas e significação.

    #986

    Estava estudando sobre o assunto e acho importante compartilhar com vocês trechos de dois textos diferentes que li. O primeiro trecho é sobre educação patrimonial e o segundo sobre o conceito de educação museal. Seguem abaixo:

    “O que vem a ser Educação Patrimonial? Podemos definí-la como o ensino centrado nos bens culturais, como a metodologia que toma estes bens como ponto de partida para desenvolver a tarefa pedagógica; que considera os bens culturais como fonte primária de ensino.”

    (Educação Patrimonial – Utilização dos Bens Culturais como Recursos Educacionais. Evelina Grunberg. Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo4_tutores/estudos_sociais/materiais/educacao_patrimonial.pdf>.)

    “A educação museal poderia ser entendida primeiramente, num sentido amplo, como quase todas as práticas educativas que acontecem no museu, tanto promovidas pelos museus, pelos departamentos educativos dos museus, e também por outros setores. Caberia mais falar de práticas educativas do que exatamente de atividades educativas. Porque o sentido de práticas educativas nos permite considerar também, dentro do trabalho de educação museal, tanto os serviços oferecidos ao público, como também os materiais produzidos de apoio à exposição, folhetos, catálogos, os próprios programas e projetos educativos fornecidos a determinadas instituições, algumas que dizem respeito diretamente ao professor, outras que dizem respeito ao público, que eles chamam visitação livre, que não é aquela que vai através da escola. Esse conceito de educação museal abrangeria todas essas práticas educativas que acontecem no museu e são oferecidas pelas instituições museológicas. Ou seja, a educação museal é um conceito extremamente abrangente, eu acho que a tendência atual tem sido de que maneira há uma correspondência com as práticas que são oferecidas pelos museus e aquelas que também são apropriadas, promovidas e oferecidas pelas escolas e por outras instituições dentro desses espaços museológicos.”

    (Museu e escola: educação formal e não-formal. Andréa Falcão. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=29&gt;.)

     

    • Esta resposta foi modificada 11 anos, 2 meses atrás por Manoella Evora.
    #1070

    Creio que a educação patrimonial seja uma das práticas educativas mais efetivas dos museus. Dentro da perspectiva da Maria de Lourdes Horta de 1999, considerando o patrimônio como fonte primária do conhecimento e do contato e experiência como forma de apropriação, creio que os museus são espaços educativos privilegiados para este tipo de prática.

    Nos museus temos a especificidade de ter o objeto ou o registro, fato que o diferencia de outros espaços como as escolas e bibliotecas. E é a existência destes materiais permite ao visitante o contato com o “autêntico” e “real”, e a educação patrimonial tem muito a acrescentar a medida que instrumentaliza o visitante a interagir de diversas formas com estes patrimônios. É a educação patrimonial que orienta o olhar sobre uma peça e discute seus diversos valores.

    Sendo assim, parece uma prática mais interessante do que verdadeiras “palestras” apenas ilustradas pelo acervo que encontramos em alguns museus.

     

    A especificidade do

    #1109

    Gosto muito de duas passagens de um texto de Magaly Cabral sobre esta questão: “toda vez que as pessoas se reúnem para construir e dividir novos conhecimentos, investigam para conhecer melhor, entender e transformar a realidade que nos cerca, estamos falando de uma ação educativa. Quando fazemos tudo isso levando em conta alguma coisa que tenha relação com nosso patrimônio cultural, então estamos falando de Educação Patrimonial”. Mais adiante, ela usa as palavras de Mário Chagas  para destacar que o diferenciaria a linguagem patrimonial da linguagem museal reside muito mais no espaço onde ela se efetiva do que no seu conteúdo … “sendo o museu (ou patrimônio) lugar e produto do homem e manifestação da linguagem, falar em ‘linguagem museal’ ou ‘linguagem patrimonial’ não é falar de uma especificidade da linguagem, e sim indicar um lugar (ou um campo) de manifestação dela“. Assim, penso que, mais uma vez, a observação da prática efetiva pode levar a uma melhor compreensão e aplicação dos conceitos mais pertinentes.

    #1158
    moinhosocial
    Membro

    penso que a educação museal precisa estar pautada em conceitos, ideologias e pedagogias bem definidas, que haja clareza para equipe de trabalho do museu quais paradigmas estão trabalhando ao apresentar o museu de um jeito ou do outro.

    #1167

    Olá pessoal,

    Essa discussão é parte da minha pesquisa de mestrado que está sendo desenvolvida a partir da análise da ação educativa de um museu em São Paulo.

    Pesquisando sobre os conceitos educação patrimonial e educação museal, cheguei à conclusão de que não diferem entre si. O texto citado da Magaly Cabral também mostra isso e diz que é apenas uma questão de campo: se no museu, museal; se fora do museu, patrimonial.

    Concordo em parte. De fato, acho que ambas dizem respeito à mesma coisa, que é uma educação a partir do patrimônio, esteja ele no museu ou não. Discordo em querer limitar essa educação ao campo, porque me parece, no fundo, que trata-se de uma forma de consagração do próprio campo acadêmico nos moldes que discute Bourdieu.

    Dada a situação dos museus (deficiência na formação de educadores de museu, falta de parceria entre museus e escolas, pós-graduação em museologia ainda incipiente etc.), concordo com a criação do PNEM. Entretanto, se já existe uma política de educação patrominial, por que não investir no que já existe? Não caberia a discussão sobre a necessidade de dois programas, um de educação patrimonial e outro de educação museal?

     

    #1172
    REM RJ
    Membro

    Ampliar as concepções teóricas, adaptando-as a cada contexto/ realidade institucional.

    Proposta elaborada em reuniões presenciais que contaram com a participação das seguintes instituições:
    Centro Cultural Banco do Brasil – Centro Cultural da Justiça Federal – Centro Cultural de Folclores e Cultura Popular – Instituto Moreira Sales – Memorial Getúlio Vargas – Fundação Casa de Rui Barbosa – Museu Casa da Hera – Museu Casa do Pontal – Museu da Chácara do Céu – Museu da Marinha – Museu da República – Museu da Vida – Museu de Arqueologia de Itaipu – Museu do Ingá – Museu do Meio Ambiente – Museu Histórico Nacional – Museu Nacional – Oi Futuro/Museu das Telecomunicações – Núcleo Experimental do MAM – Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro

    #1192

    Retomando o comentário da Isla, a educação patrimonial já tem uma longa trajetória que em muitos momentos se cruza com os museus. A educação em museus também, e muitas vezes são propostas e praticadas pelos menos profissionais. A questão está em quais são os seus limites, se é que eles existem.

    A definição da Magaly Cabral quanto ao “dentro” e “fora” do museu não parece satisfatória, ainda mais se considerarmos os ecomuseus, museus a céu aberto. A prática educativa do Inhotim é educação patrimonial ou educação, por exemplo. Tais delimitações parecem tênues demais no meu ponto de vista.

    Há de se considerar também a especificidade dos objetos dos museus. Não é qualquer material que está em um acervo, considerando a musealização destes objetos, estes são patrimônios, então concordo com a Isla em que educação museal não difere da educação patrimonial. Cabe uma ressalva também nas definições da Cabral, por que há os patrimônios naturais, que nem sempre são “musealizáveis”, como as Cataratas do Iguaçu ou Parques Nacionais, mas que não deixam de ser patrimônios e fontes primárias do conhecimento, da definição da Horta.

    Para além de uma questão nomenclatural (museal ou patrimonial, uma vez que ambas já trazem a referência em um objeto selecionado por suas características ímpares e representativas), ainda falta uma delimitação ideológica e nos apropriarmos de outras áreas dos processos de ensino e aprendizagem, como a psicologia e neurobiologia, para definirmos a educação museal (ou patrimonial). Se estamos falando de uma educação orientada a partir do objeto, há questões a serem colocadas em pauta, com o uso de imagens e objetos na construção de conceitos, a capacidade de abstração e percepção da tridimensionalidade do objeto, entre outras. Estas abordagens fazem parte das pesquisas e avaliações do ensino formal, mas ainda são incipientes em museus.

     

     

    #1201
    Ozias Soares
    Membro

     Isla,

    penso que a construção e formulação de grandes planos responde a necessidades postas diante de determinadas especificidades, conforme você e Mariana tão bem destacaram (É claro que existem injunções políticas e corporativas na maioria deles). Desse modo, a construção de um novo documento – que se efetive e contribua para o aprimoramento da educação em museus – não exclui a continuação do investimento que vem sendo feito na educação patrimonial e seus pressupostos, por exemplo, tal como vem fazendo o pessoal do IPHAN.

     De alguma maneira, Mariana, diria que a educação em museus (e a maioria dos nossos museus) é muito mais recente do que a tradição escolar. O esforço que educadores de todo o país vem fazendo, entretanto, se constitui na possibilidade de que novos conhecimentos e pesquisas se incorporem em nossa prática. Gostei muito das colocações de vocês aqui!

    #1203

    Isla, pra dialogar com você, gostaria de fazer uma reflexão sobre os focos trabalhados na educação patrimonial e na museal e suas especificidades. Concordo que há mais semelhanças do que diferenças, mas as diferenças são muito importantes. Na educação museal, por exemplo, boa parte das vezes o foco está no estudo, fruição e comunicação dos objetos, ou mesmo dos fazeres, saberes, mas sob uma perspectiva diferenciada da abordagem do patrimônio. E é um objeto, que está dentro de um museu (que é também patrimônio), de uma instituição que tem fins próprios e metodologias próprias de abordagem educativa. No Brasil a noção de patrimônio se desenvolveu por muito tempo levando em consideração prioritariamente o patrimônio arquitetônico. É recente a noção e valorização de outras formas de patrimônio. Por isso é necessária a diferenciação. Mas de forma geral, sim, as coisas são muito próximas.

    #1205

    Mariana, Ozias e Fernanda, agradeço os comentários. Vamos seguir discutindo na construção dessa política.

    #1230

    Olá colegas

    estou feliz com a  sua participação nesta discussão, acho que estamos avançando … temos  a  PROBLEMATICA :  1. EDUCAÇÃO MUSEAL? EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NOS MUSEUS?

    Dada a situação dos museus (deficiência na formação de educadores de museu, falta de parceria entre museus e escolas, pós-graduação em museologia ainda incipiente etc.), concordo com a criação do PNEM. Entretanto, se já existe uma política de educação patrimonial, por que não investir no que já existe? “

    Não caberia a discussão sobre a necessidade de dois programas, um de educação patrimonial e outro de educação museal? (Isla Andrade Pereira de Matos)

    Penso que a construção e formulação de grandes planos responde a necessidades postas diante de determinadas especificidades, […] É claro que existem injunções políticas e corporativas na maioria deles. Desse modo, a construção de um novo documento – que se efetive e contribua para o aprimoramento da educação em museus – não exclui a continuação do investimento que vem sendo feito na educação patrimonial e seus pressupostos, por exemplo, tal como vem fazendo o pessoal do IPHAN.

    … A educação em museus (e a maioria dos nossos museus) é muito mais recente do que a tradição escolar. O esforço que educadores de todo o país vem fazendo, entretanto, se constitui na possibilidade de que novos conhecimentos e pesquisas se incorporem em nossa prática. (Ozias Soares)

    Temos alguns OBJETIVOS traçados:

    – Ampliar as concepções teóricas, adaptando-as a cada contexto/ realidade institucional. (REM RJ)

    – A educação museal precisa pautar-se em conceitos, ideologias e pedagogias bem definidas, para que haja clareza para equipe de trabalho do museu sobre quais paradigmas estão trabalhando ao apresentar o museu de um jeito ou do outro”. (moInhosocial)

     Pensar nos acervos como integrante da idéia de patrimônio cultural, de memória, de um legado histórico, talvez se possa falar em educação patrimonial” nos museus [ou talvez, “a partir dos museus”…].

    Trabalhar com  o bairro, com o entorno no Museu, partindo  do  acervo ou terminando nele. (Ozias Soares – experiências educativas no Museu Chácara do Céu:Circuitos de Santa –  http://educachacara.blogspot.com)

    A CONCEITUAÇÃO, FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA também estão em  formatação:

    Manoela Evora, nos coloca em contato com Evelina Grunberg  para definir  Educação patrimonial   e  com Andréa Falcão para se pensar a Educação Museal:

    Educação Patrimonial –   “… o ensino centrado nos bens culturais, como a metodologia que toma estes bens como ponto de partida para desenvolver a tarefa pedagógica; que considera os bens culturais como fonte primária de ensino.” (Educação Patrimonial – Utilização dos Bens Culturais como Recursos Educacionais. Evelina Grunberg. Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo4_tutores/estudos_sociais/materiais/educacao_patrimonial.pdf>.)

    Educação Museal _  poderia ser entendida primeiramente, num sentido amplo, como quase todas as práticas educativas que acontecem no museu, tanto promovidas pelos museus, pelos departamentos educativos dos museus, e também por outros setores. Caberia mais falar de práticas educativas do que exatamente de atividades educativas. Porque o sentido de práticas educativas nos permite considerar também, dentro do trabalho de educação museal, tanto os serviços oferecidos ao público, como também os materiais produzidos de apoio à exposição, folhetos, catálogos, os próprios programas e projetos educativos fornecidos a determinadas instituições, algumas que dizem respeito diretamente ao professor, outras que dizem respeito ao público, que eles chamam visitação livre, que não é aquela que vai através da escola. Esse conceito de educação museal abrangeria todas essas práticas educativas que acontecem no museu e são oferecidas pelas instituições museológicas. Ou seja, a educação museal é um conceito extremamente abrangente, eu acho que a tendência atual tem sido de que maneira há uma correspondência com as práticas que são oferecidas pelos museus e aquelas que também são apropriadas, promovidas e oferecidas pelas escolas e por outras instituições dentro desses espaços museológicos.”

    (Museu e escola: educação formal e não-formal. Andréa Falcão. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=29&gt;

    E Fabiana  diz;  “ a observação da prática efetiva pode levar a uma melhor compreensão e aplicação dos conceitos, conforme  Magaly Cabral:  ‘toda vez que as pessoas se reúnem para construir e dividir novos conhecimentos, investigam para conhecer melhor, entender e transformar a realidade que nos cerca, estamos falando de uma ação educativa. Quando fazemos tudo isso levando em conta alguma coisa que tenha relação com nosso patrimônio cultural, então estamos falando de Educação Patrimonial”. (Fabiana Sales)

     Ela também se reporta a  Mário Chagas  “… para destacar que o diferenciaria a linguagem patrimonial da linguagem museal reside muito mais no espaço onde ela se efetiva do que no seu conteúdo… ‘sendo o museu (ou patrimônio) lugar e produto do homem e manifestação da linguagem, falar em ‘linguagem museal’ ou ‘linguagem patrimonial’ não é falar de uma especificidade da linguagem, e sim indicar um lugar (ou um campo) de manifestação dela“.(Fabiana Sales)

    A isla  adentra um pouco mais na “… conceituação de educação patrimonial e educação museal, não diferem entre si”.  Vejamos o texto de Magaly Cabral, a qual  compreende tais modalidades educativas como “…uma questão de ‘campo’ : se no museu, museal; se fora do museu, patrimonial.

    Então, diz; “Concordo em parte. De fato, acho que ambas dizem respeito à mesma coisa, que é uma educação a partir do patrimônio, esteja ele no museu ou não. Discordo em querer limitar essa educação ao campo, porque me parece, no fundo, que trata-se de uma forma de consagração do próprio campo acadêmico nos moldes que discute Bourdieu. (Isla Andrade Pereira de Matos[1])

    E a fernanda, gostaria de fazer uma reflexão sobre os focos trabalhados na educação patrimonial e na museal e suas especificidades. Concordo que há mais semelhanças do que diferenças, mas as diferenças são muito importantes. Na educação museal, por exemplo, boa parte das vezes o foco está no estudo, fruição e comunicação dos objetos, ou mesmo dos fazeres, saberes, mas sob uma perspectiva diferenciada da abordagem do patrimônio. E é um objeto, que está dentro de um museu (que é também patrimônio), de uma instituição que tem fins próprios e metodologias próprias de abordagem educativa. No Brasil a noção de patrimônio se desenvolveu por muito tempo levando em consideração prioritariamente o patrimônio arquitetônico. É recente a noção e valorização de outras formas de patrimônio. Por isso é necessária a diferenciação. Mas de forma geral, sim, as coisas são muito próximas. (Fernanda Castro)

    A mariana,  já faz outro enfoque  a  Educação patrimonial dos museus   __   e, se reporta a  perspectiva da Maria de Lourdes Horta de (1999) , considerando o patrimônio como fonte primária do conhecimento e do contato e experiência como forma de apropriação…    considerando  os museus  espaços educativos privilegiados para este tipo de prática.

    E então diz: Nos museus temos a especificidade de ter o objeto ou o registro, fato que o diferencia de outros espaços como as escolas e bibliotecas.

    E é a existência destes materiais que permite ao visitante o contato com o “autêntico” e “real”, e a educação patrimonial tem muito a acrescentar a medida que instrumentaliza o visitante a interagir de diversas formas com estes patrimônios. É a educação patrimonial que orienta o olhar sobre uma peça e discute seus diversos valores.

    Sendo assim, parece uma prática mais interessante do que verdadeiras “palestras” apenas ilustradas pelo acervo que encontramos em alguns museus”. (Mariana Galera)

    A educação patrimonial já tem uma longa trajetória que em muitos momentos se cruza com os museus. A educação em museus também, e muitas vezes são propostas e praticadas pelos menos profissionais. A questão está em quais são os seus limites, se é que eles existem.

    A definição da Magaly Cabral quanto ao “dentro” e “fora” do museu não parece satisfatória, ainda mais se considerarmos os ecomuseus, museus a céu aberto. A prática educativa do Inhotim é educação patrimonial ou educação, por exemplo. Tais delimitações parecem tênues demais no meu ponto de vista. (Mariana Galera)

    Há de se considerar também a especificidade dos objetos dos museus. Não é qualquer material que está em um acervo, considerando a musealização destes objetos, estes são patrimônios, então concordo com a Isla em que educação museal não difere da educação patrimonial. Cabe uma ressalva também nas definições da Cabral, por que há os patrimônios naturais, que nem sempre são “musealizáveis”, como as Cataratas do Iguaçu ou Parques Nacionais, mas que não deixam de ser patrimônios e fontes primárias do conhecimento, da definição da Horta. (Mariana Galera)

    Para além de uma questão nomenclatural (museal ou patrimonial, uma vez que ambas já trazem a referência em um objeto selecionado por suas características ímpares e representativas), ainda falta uma delimitação ideológica e nos apropriarmos de outras áreas dos processos de ensino e aprendizagem, como a psicologia e neurobiologia, para definirmos a educação museal (ou patrimonial). Se estamos falando de uma educação orientada a partir do objeto, há questões a serem colocadas em pauta, com o uso de imagens e objetos na construção de conceitos, a capacidade de abstração e percepção da tridimensionalidade do objeto, entre outras. Estas abordagens fazem parte das pesquisas e avaliações do ensino formal, mas ainda são incipientes em museus.(Mariana Galera)

    —————

    Então, vamos continuando… mais um pouquinho…..

    Mariana,  concordo com vc quando diz que a  cultura material permite ao visitante do museu o  contato com o “autêntico” e “real”.

    a)    E vc afirma: cabe a  educação patrimonial  acrescentar saberes e reflexões sobre o patrimônio cultural.

    – Então pergunto:    No caso o objeto?  A sociedade que o produziu? A cultura que o gestou enquanto material,  técnica, estilo  e universo  simbólico? Outros? Quais saberes?????

    b)    Vc também  pontua:   “ a educação patrimonial instrumentaliza o visitante a interagir com  o patrimônio musealizado;  orienta o olhar sobre  um objeto  e discute seus diversos valores.

    Como (metodologia, recursos?)

    c)     E ainda “ Sendo assim, parece uma prática mais interessante do que verdadeiras “palestras” apenas ilustradas pelo acervo que encontramos em alguns museus”

    Neste caso também indago: Palestras não seriam estratégias para a Educação patrimonial e museológica?

    d) Vc  afirma: “ainda falta uma delimitação ideológica e nos apropriarmos de outras áreas dos processos de ensino e aprendizagem, como a psicologia e neurobiologia, para definirmos a educação museal (ou patrimonial).

    Por favor nos brinde com suas reflexões a respeito.

    d)    E por fim, vc diz: Se estamos falando de uma educação orientada a partir do objeto, há questões a serem colocadas em pauta, com o uso de imagens e objetos na construção de conceitos, a capacidade de abstração e percepção da tridimensionalidade do objeto, entre outras.

    E uma vez mais, peço suas contribuições neste tópico de discussão.

    Avante amigos.

    Um abraço

    Jocenaide

    [1] Isla Andrade Pereira de Matos se envolve com a discussão à partir de sua pesquisa de mestrado, na qual analisa a ação educativa de um museu em São Paulo.

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