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Ozias SoaresMembro
Isla,
penso que a construção e formulação de grandes planos responde a necessidades postas diante de determinadas especificidades, conforme você e Mariana tão bem destacaram (É claro que existem injunções políticas e corporativas na maioria deles). Desse modo, a construção de um novo documento – que se efetive e contribua para o aprimoramento da educação em museus – não exclui a continuação do investimento que vem sendo feito na educação patrimonial e seus pressupostos, por exemplo, tal como vem fazendo o pessoal do IPHAN.
De alguma maneira, Mariana, diria que a educação em museus (e a maioria dos nossos museus) é muito mais recente do que a tradição escolar. O esforço que educadores de todo o país vem fazendo, entretanto, se constitui na possibilidade de que novos conhecimentos e pesquisas se incorporem em nossa prática. Gostei muito das colocações de vocês aqui!
Ozias SoaresMembroMariana,
A Rede de Educadores de Museus no Rio de Janeiro é um movimento autônomo que busca, sobretudo, fortalecer o campo da educação em museus, congregando diferentes profissionais e formações. Temos um blog (http://remrj.blogspot.com) que você pode fazer um cadastro e assim receber as atualizações. Já realizamos dois Encontros Nacionais e o IBRAM organizou um encontro institucional de educadores de museus em Petrópolis em 2010. Acho que podemos dialogar mais (ozias.soares@museus.gov.br) no sentido de continuar trocando ideias sobre a Rede, inclusive com a ajuda de outros profissionais aqui do Rio de Janeiro. Fico à disposiçao com todo prazer. Entendo que o fortalecimento das Redes seja um caminho com grande capilaridade, de base, multiprofissional e interdisciplinar que soma-se à elaboração do PNEM (e/ou mais adiante a construção de uma Política Nacional de Educação em Museus).
Ozias SoaresMembroDiego e Girlene,
Dentro dessa discussão da sustentabilidade em nossos museus, deve-se, penso, buscar colocá-la sempre dentro de uma perspectiva de totalidade; ou seja, se ela estiver descolada de uma perspectiva mais ampla de transformações nesta sociabilidade em que vivemos – calcada sempre na busca por crescimento econômico a qualquer preço – será, portanto, inócua e funcional ao sistema. Se, por outro lado, estivermos pensando numa dimensão mais ampla, vamos situá-la no campo do patrimônio integral, de responsabiliade ética e de uma visão e projeto de futuro. Não acham?
Ozias SoaresMembroA proposta sintetizada pela Jocenaide vai numa direção interessante: criar uma metodologia para dialogar com o público interno e externo sobre as diferentes demandas. Penso que devemos privilegiar no PNEM essa estratégia, de modo que os diferentes setores e os educadores de museus se conversem, planejem suas ações, fundamentações e projetos.
Por outro lado, entendo que há uma escassez de recursos (como também um não-direcionamento intencional de recursos para museus e, no nosso caso, para a área educativa!); entretanto, entendo que o planejamento participativo, a conjunção de esforços para pensar a instituição como um ente coletivo e “para” o coletivo deve vir um pouco antes da destinação de recursos! Aliás, é bem possível que haja museus e centros culturais tão “cheios de dinheiro” quanto de verticalizações e tomadas de decisões unilaterais (ou “oligárquicas”!, para melhor definir…). Desse modo, pode ser que se não houver um planejamento participativo, o que vai continuar ocorrendo é a centralização e canalização dos recursos para determinadas áreas estabelecidas nas “prioridades” de alguns.
Mas acho, professora Jocenaide, que podemos ampliar essa discussão nos eixos “Gestão” (Financiamento das ações educativas), “Profissionais de Educação Museal” (financiamento para o educativo do museu) e no fórum sobre Sustentabilidade, coordenado pela colega Girlene Bulhões. (Mas, antes preciso concordar com o “leite de pedra”… pior vai ser quando o leite acabar, né?!)
Ozias SoaresMembroEssa discussão me faz pensar no seguinte: há sensíveis alterações no desenho da educação no Brasil, ou seja, a perspectiva da universalização da educação básica é hoje um dado concreto que, todavia, não se vislumbrava há algumas décadas no país; a ampliação do acesso à universidade é um outro dado que deve ser destacado; a criação de universidades virtuais (EAD ou semipresenciais) avança no país. As tecnologias avançam (e até nos atropelam…), conformando as novas gerações. De outro lado, observamos avanços no campo museal com a criação da Política Nacional de Museus e outros instrumentos legais, embora ainda temos 80% dos municípios brasileiros sem museus (http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/13/oito-em-cada-dez-municipios-brasileiros-nao-tem-museu-mostra-estudo/). Ou seja, precisamos, sim, de mais museus, mas sobretudo, é preciso ter clareza de suas funções. Tenho a impressão que mais do que a localidade ou a tipologia do museu há algo fundamental que define a função social do museu: o seu diálogo com o entorno, com outras instituições sociais que lidam com educação, com práticas culturais, e com o exercício da participação política. Acho que vamos chegar (espero!!!) a um ponto de nos cansarmos dos “museus impermeáveis”!
Ozias SoaresMembroDo ponto de vista da criação de vínculos afetivos que caracteriza o lugar, ou que dão contornos a identidades, a impressão que temos é que ainda estamos engatinhando nisto em nossos museus. Talvez haja um público que utilize os museus como um “espaço-tempo” de fruição, de lazer… um público “iniciado”… Precisamos, como vem sendo discutido aqui neste fórum em outras postagens, ampliar o acesso aqueles que pouco (ou nada) visitam os museus. Para que seja um “Lugar” é necessário alçar o museu à categoria de pertencimento, de ligação com o bairro, com a cidade, com as demais instituições. Neste sentido, acho temerária a construção de uma memória no isolamento, sem interação com outros agentes. Talvez haja colegas de outras instituições que queira apresentar aqui experiências e propostas de alçar o museu a um lugar de memória…
(obs.: Jocenaide, passa pra gente a referência que você citou, por favor).
Ozias SoaresMembroPois é, Jocenaide, há pouco tempo pensávamos nisto aqui no Museu da Chácara do Céu (RJ) quando propusemos um projeto chamado “Circuitos de Santa” (veja http://educachacara.blogspot.com). Trabalhamos com o bairro, com o entorno no Museu sempre partindo de nosso acervo ou terminando nele, buscando relacionar as obras de arte da nossa coleção num diálogo com todo um rico patrimônio que nos circunda. Acho que se pensarmos nos acervos como integrante da idéia de patrimônio cultural, de memória, de um legado histórico, talvez se possa falar em “educação patrimonial” nos museus (ou talvez, “a partir dos museus”…). Entretanto, como você em outro momento resgatou a fala de Paulo Freire, a idéia de “educação patrimonial” foi gestada num determinado contexto, ganhou força em determinadas práticas e, desse modo, será preciso “engravidar” o conceito a partir de outras práticas e significação.
Ozias SoaresMembroCertamente, a experiência ainda é recente no país para qualquer avaliação. Portanto, uma apreciação nossa sobre o tema corre sérios riscos de uma análise superficial e incipiente. Como disse, sou leigo, mas fico pensando como o Richard Sennett, que “uma idéia precisa suportar o peso da experiência concreta senão se torna mera abstração”. Embora com o crescente número de “internautas”, um dado atrelado a este deveria ser tomar conhecimento de que conteúdos e com que profundidade esses usuários estão conectados à rede? Mas, penso devemos insistir na idéia da virtualização, concordando com a fala da Geysa e Claudia. Ao que tudo vem nos indicando, as possibilidades de uso da tecnologia vem se ampliando. Temos diante de nós alguns desafios e gostaria que vocês que são especialistas me ajudassem: além da “preservação e divulgação” e da “interação”, o que caracteriza o “museu virtual” considerando os objetos, os diferentes acervos e tipologias de museus? Alguma idéia de como propor uma “visita virtual” que conjugue a interatividade, a ampliação do acesso, com a leitura crítica dos objetos como ponte para novos conhecimentos?
Ozias SoaresMembroMeninas (e meninos também…) Fico pensando se a consequencia de um trabalho mais estruturado, com mais qualidade, com mais clareza de sua atuação por todos os setores e departamentos dos museus, não culminaria no fortalecimento dessas parcerias. “Cá com meus botões”: seriam os educadores os proponentes dessas parcerias? Como as direções dos museus poderiam agir neste sentido? O que falta? Por outro lado, os “acertos” entre secretários (de Educação, Cultura etc.) seriam suficientes antes de haver o fortalecimento de projetos, de ações e estratégias, de clareza do trabalho no interior dos museus? Bem, me ajudem…
Ozias SoaresMembroManoella, estou aqui pensando se não seria interessante a fim de dar efetividade às propostas que vão surgindo aqui neste fórum se houvesse a criação de um canal (seja um blog, ou o Ibram, ou a REM Nacional) que se responsabilizasse inicialmente pela divulgação de diferentes modelos de inventários das ações educativas e assim a gente podia sugerir esse padrão de que falas, depois de avaliar as diferentes iniciativas… O que acha?
Ozias SoaresMembroA questão colocada aqui pelo Rafael Silveira amplia este debate exatamente porque em qualquer termo que usamos encontram-se subjacentes distintas concepções de educação. As palavras, todavia, são armas, são ferramentas, induzem, produzem, reforçam ideologias. Como disse Jocenaide Maria Rosseto, lembrando Paulo Freire, as palavras são “grávidas de mundo” e, como tal, diria, expressam contradições e conflitos. Concordo com o Rafael em que o termo monitor e guia vinculam-se, pelo uso, a uma “concepção bancária” de relação ensino-aprendizagem. Preocupa-me, entretanto, uma apropriação do novo como novo por si só, sem que haja uma reflexão em torno dos termos e conceitos! Estamos fazendo uso de um referencial teórico e conceitual por uma questão de clareza política em nossa prática nos museus ou apenas fazendo coro com modismos nominais? Aliás, se formos ampliar o uso de mediação, talvez concordemos que os objetos por si só são mediações “com” e “no” mundo. Talvez eles não sejam tão “mudos” como pensemos… É bem verdade que muitos objetos ao serem transplantados de suas funções originais carecem de uma mediação especial, de uma boa legenda explicativa, mas eles expressam um acúmulo histórico de conhecimento e cultura. Portanto, como as palavras, parafraseando o Freire, os “objetos museais”, ou “musealizados” também estão “grávidos de mundo”! Mas, que “mundo”? O do curador, o do museólogo, o do artista, o do patrocinador da exposição, o do educador, o do patrono do museu, o do público visitante? Como diz a Thatyanna, estaríamos, como educadores de museus, prontos para este desafio? A mediação daria conta de uma problematização desses “mundos”? Bem, gostaria que vocês me ajudassem neste debate…
Ozias SoaresMembroValéria e Valdemar, acho que há uma questão de fundo aí: acho que “as instituições” (personificadas em figuras detentoras de poder dentro dos museus…) tem dificuldades de realizar um planejamento participativo que incorpore demandas das diferentes áreas. A gente podia, por exemplo, dividir aqui diferentes experiências de como o “plano museológico” é construído nos diferentes museus pelo Brasil… acho que sairia cada “coisa”! (interessante). E, Valéria, endosso a sua fala de incorporar, de alguma forma, a proposta político pedagógica no “plano”.
Ozias SoaresMembroGente, concordando com vocês, acho também importantíssimo (mais do que na hora!) de termos uma revista com esse formato. Mas fico pensando, como a Marília Cury, se antes da revista estamos fazendo esse “inventário”, sistematizando os projetos e as ações dentro de nossos museus? Se estamos operando essa sistematização, quais os pressupostos e experiências que existem que podem ser compartilhadas aqui para que possamos pensar em propostas para o Pnem? Aqui no Museu da Chácara do Céu, estamos criando uma espécie de “dossiê educativo”, resgatando o percurso do “educativo” (ainda não temos um “setor” propriamente, mas temos as ações ocorrendo), os referências embasadores, as metodologias, e todas as ações em curso.
Ozias SoaresMembroBruno, a sua proposição cabe muito bem na discussão sobre mediação, conforme você transferiu para lá! Obrigado! No tocante aos museus como ferramentas de educação, fico pensando que ações transversais podemos fazer ou, antes disso, que “ações transversais” seriam essas?
Ozias SoaresMembroOlá, Cintya, Rafael e demais participantes do Fórum! Acho que os instrumentos citados, as idéias apresentadas são interessantes e já estamos pensando em implementá-las este ano aqui no Museu da Chácara do Céu. Agradeço muito a sugestão do Rafael! A idéia da Cintya é bem legal no sentido de combinar as duas coisas. De outro lado, vocês teriam sugestões de como ampliar a participação interna, da equipe, das diferentes coordenações dentro do museu? Alguém tem alguma experiência realizada de planejamento participativo realizado com a equipe institucional?
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